Ontem à noite.

Ontem à noite, ficamos juntos, horas. Em uma espécie de lanchonete ou carrinho de lanches, sentadinhos à mesa, um lugar aconchegante e ao mesmo tempo gostoso, todo aberto, vindo algum ventinho de todas as direções. Você estava lindinha demais e concordei que, ao vivo, você fica melhor que nas fotos (me too). O pessoal até te olhavam, mas de leve e quem poderia resistir a, pelo menos, olhar? Não havia conhecidos, crianças, bêbados e outros atrapalhos. Conversamos, rimos e até falamos de nossos assuntos tabus e concordamos que parecemos adolescentes apaixonados e...caimos na risada.
Tomei uma cervejinha, você deu uma bicada, eu deixei, mas te obriguei a pedir um suco. Pedimos peito de galinha morta grelhado, bem passado e cebolado, no prato. Por cima, um ovinho bem passado e, ainda, fatias de tomate. Comemos bem e gostoso (comemos, se é que me faço entender), tinha ketchup, mostarda, molho de pimenta, maionese, mas no meu não coloquei nada. Em certo momento, você deu uma lambrecada na mão e...escapou um "merda". Me olhou meio sem-graça, sorri de leve, sem descolar os lábios e mostrar os dentes e, mais uma vez, rimos. Fez questão de ver bem minhas mãos, gostou, nos olhamos demais, resolvi avançar o sinal e passar o dedo, de leve, em seu bucinho, mas você não resistiu. Sentia cócegas, coceiras, ficava envergonhada e apenas dei uma ajeitada de leve em seu cabelo (na frente), você gostou e rimos mais. Falamos de assuntos alegres, outros nem tanto, mas falamos, rimos até dos tais caminhos da educação, você perguntou se poderia mostrar aos colegas, ante o que ameacei comprar uma caixa de giletes. Falei que estava muito contente em seus alunos terem lido Tarde, mas triste por não ter sido citado como o autor. Trocamos idéias sobre texto e concordamos que humorismo e erotismo são muito difíceis. Depois de algum tempo, estávamos embriagados de nós, nos olhávamos mais que nunca, pensávamos e suspirávamos, pensávamos e suspirávamos, sem a necessidade de dizer as palavras que sabíamos quais. As outras mesas foram ficando vazias, todos indo embora, mas nós e nossos corações permanecíamos, satisfeitos de nós e, sei, sem que fosse dito, que queríamos que aquele momento fosse eterno e pelos seus olhinhos eu lia "infinito enquanto dure".
O transe só terminou quando o rapaz perguntou se queríamos mais alguma coisa. Você me disse que o estômago estava meio pesado e pedimos uma água tônica, em garrafa, que sorvemos como nos sorvemos.
E, de repente, não mais que de repente, veio o silêncio do depois, no infinito de nós dois.
De repente, não mais que de repente.
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Por Clau.

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