Dia 1
O dia anterior ao dia da prisão. Eu ainda não sabia. Nem ela.

Quinta-feira, 9 horas, o Ronaldo Machado, do DNIT,  me pega na Coordenadoria às 9 horas para irmos à aldeia olhar a escola provisória, ver se está tudo de acordo para receber as crianças. é Vamos eu e minha colega Verani. Olhamos a escola, fotografamos, está tudo certo. Aproveito a ida até a aldeia para conversar com a cacique Maria Antonia sobre a contratação do professor Ramilton Kafej Manoel Antonio, indígena Kaingang que será contratado pelo Estado para trabalhar na escola indígena.
Maria Antonia estava fechada dentro de casa. Chamamos e ela abriu a porta com o rosto inchado. Tossia muito, não conseguia respirar, mas sorria. Expliquei a ela que o professor estava vindo e que no dia seguinte o levaria até a aldeia para apresentá-lo a ela. Ela concordou em recebê-lo, falou do meu colarzinho que comprei em Ribeirão Preto, uma lagartixa feita com sementes, e pediu que eu levasse algumas roupas pra ela. Nos despedimos porque ela tossia muito e ia usar a bombinha de ar.
Retornei para a CRE, já pensando na vinda do professor, em como iria arrumar um lugar para ele dormir.
Fiquei em casa à tarde. Liguei para a escola de magistério aqui em Estrela, um semi internato para alunos que fazem estudam na escola. A diretora ficou de retornar, não retornou.  O professor chegaria as 17h40. Fui esperá-lo na rodoviária. O expresso Planalto trouxe o professor Ramilton de Cacique Doble, ao norte do Estado. Fui até o ônibus, o único homem grande,moreno, parecido com um índio, era ele mesmo.
Enquanto o aguardava lembrei que conhecia o Major Maia, do corpo de bombeiros de Estrela. Eu
sabia que ele não está mais em Estrela, mas como ainda tenho o número do celular dele, liguei.


Continua.....

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