Dona Severina

Dona Severina escrevia poesias para o filho com uma letra desenhada à lápis. Falava de amor eterno, de anjos, de desejos de felicidade. Quando ele cresceu, saiu de casa e suas asas voaram por conta própria ela mudou o tom e o sentido das palavras. E quando o anjo acomodou-se em frente a uma televisão na companhia do  Faustão e começou a beber diariamente, a mãe não quis mais saber dele. Que fique na sarjeta, ela disse. Dona Severina morreu dois anos depois, de câncer no intestino e ele, agora, de cirrose.

Comentários

Clau disse…
Lembra o título de um clássico: "Morte e Vida Severina".
Lucas Brolese disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Lyli disse…
Ambas severas.
Clau disse…
Como dizia o bom e velho Vinicius de Morais

Filhos, melhor não tê-los,
Mas, sem tê-los, como sabe-lo?
Lyli disse…
Nesse caso talvez eles (o filho e a filha) tivessem sido mais felizes sem a Dona Severina.

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