Dona Severina
Dona Severina escrevia poesias para o filho com uma letra desenhada à lápis. Falava de amor eterno, de anjos, de desejos de felicidade. Quando ele cresceu, saiu de casa e suas asas voaram por conta própria ela mudou o tom e o sentido das palavras. E quando o anjo acomodou-se em frente a uma televisão na companhia do Faustão e começou a beber diariamente, a mãe não quis mais saber dele. Que fique na sarjeta, ela disse. Dona Severina morreu dois anos depois, de câncer no intestino e ele, agora, de cirrose.
Comentários
Filhos, melhor não tê-los,
Mas, sem tê-los, como sabe-lo?