Amar é.

Amar é uma coisa assim bem mansa, bem morna, bem quieta. E é uma coisa bem doce e bem amarga. É uma espera doída, uma espera doida. É um querer bem, um admirar, um venerar sem tamanho, sem cabimento, de forma que os outros acham que a gente é louca, totalmente insana.

Amar é uma coisa assim que não é desse mundo, que não cabe nesse espaço de tempo, nem nesse lugar onde a gente está. O corpo está, o pensamento não. Ele voa, viaja, vai, navega, nada. E às vezes, muitas vezes não há mesmo nada, nada, nada. E nada. E é noite, escuro, e ele vaga. Ele, o pensamento. Procura o outro, e procura e pega os pedaços, e junta, emenda, costura. E parte, e reparte esse outro e junta de novo os pedaços. E pensa que ele é seu, afinal. E aí, ele escorrega, e derrama, e se esvai, como água, como areia. E de mãos vazias e coração pleno, a genta ama e ama e ama. E novamente ama. E sempre ama.
E de olhos úmidos e boca seca, a gente procura, e espera. E todos os dias, de toda a vida, a gente espera. E desespera, pra novamente, no outro dia e sempre e muito, esperar.

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