Cem anos de solidão

Na adolescência, quando estamos apaixonados, pensamos que é para sempre. Queremos que seja para sempre. Mas, no fundo, sabemos que não é. Sabemos que ainda vamos amar e desamar muitas vezes durante toda a vida que imaginamos ter pela frente, e que será muito, muito longa. E assim, vem um amor depois do outro. Paixão, amor, frustração, solidão. Como diz o Vinícius, que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure. Ele sabia das coisas. Sabia que a paixão é passageira, que o amor é finito, e que sempre vem um depois do outro. Ele era um homem movido a paixão. Não havia poesia sem Vinícius e não havia Vinícius sem paixão. E sem uísque, mas essa é outra história.
Mas, quando chegamos em mais da metade da vida, presumindo que não viveremos cem anos (não, em anos de solidão,não!), nós queremos o amor derradeiro. Queremos acreditar que aquele amor que encontramos por acaso, é o amor que estivemos esperando a vida toda. Não somos mais volúveis, não acreditamos mais que esse amor vai passar, vai acabar. Queremos envelhecer com ele de mãos dadas, abraçados no banco da praça. E esse mesmo desejo de acreditar nesse amor, nos arrasa, nos espezinha, nos maltrata, quando percebemos que esse amor é covarde ,esse amor não luta, esse amor não vive, apenas sobrevive. E temos que, novamente, olhar para os lados, olhar para a frente, ver o caminho todo, prever, antever, e saber que ficaremos sós, para sempre. Quem sabe por cem anos de solidão. Enfim, Garcia Márquez também sabia das coisas.

Comentários

Postagens mais visitadas