Nada

Eu queria ser grande, ser inteira, compacta.
Queria ser massa, ser corpo, ser plano.
Queria ser abrangente, ser volátil, ser etérea.

Queria ser.
Queria estar.

No entanto, sou grão, sou pedaço, sou fragmento.
Sou caco.
Sou risco, sou asco, sou resto.

Sou resto do que fui um dia.
Sou apenas fiapos, memórias, reticências, faz-de-contas, letras esparsas, solitárias.
Queria ser palavra, ser texto, ser alma, ser algo.
No entanto, sou nada.

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