As horas de domingo

Domingo de manhã.
11h 35.
Acordei.
Fiquei um tempão na cama entre o limbo e a realidade.
Meio morta, meio viva.

Acordei de verdade. Um toque de telefone.Um canto de pássaro.
Um toque de telefone. Um canto de pássaro.
Umas dez vezes. Contei.

Parou o telefone.
Continuou o pássaro.

Dia claro, sol, céu azul.
Abri a cortina do quarto toda.
De pijama, porque está frio.
Coloquei a ridícula pantufa de cachorrinho.
Vontade de jogá-la pela janela, mas o vizinho provavelmente reclamaria.
Lixo é no lixo, Tatiana.
Assim aprendi.

Vontade de jogar meu coração no lixo também. No orgânico,não no seco. Mania de ecologia, de ser politicamente correta. Melhor jogar na terra mesmo. Acho que o vizinho não reclamaria se eu jogasse meu coração na horta dele. Seria adubo pros pés de couve e de beterraba que nascem ordenadamente.

Fiz xixi.
Lavei o rosto, escovei os dentes, penteei os cabelos.
Que bonito, Tatiana. Minha menina fez tudo como a mamãe ensinou.

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11h39. Ainda estou de pijama. E de pantufas.

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Escrevi. Me abri. Dissequei, cortei, sangrei.

Pronto. Domingo de manhã. Na tv, O homem que copiava. Já vi. Bom.

11h40.
Tudo arde por dentro.

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