No escurinho do cinema

Postei as flores do jardim da Dona Terezinha e fui ao cinema. Essa frase soa quase como "Matou o marido e foi ao cinema". Coisas de filmes. 
Quando estou em Porto Alegre gosto de ir ao cinema sozinha, é um momento só meu. A sala geladinha, a poltrona confortável, tudo bem escurinho. Levo uma manta dobradinha, água ou um chocolate, conforme a vontade. Coloco o celular no silencioso, me cubro e fico aguardando. Hoje dei uma bela cochilada antes de iniciar o filme.

Por uma hora e pouco fico lá dentro, o mundo esquecido. Ontem assisti O amor não tem fim, com a Isabella Rosselini e o Whiliam Hurt. O filme é sobre o amor que continua apesar das mudanças da idade. As dificuldades, alegrias, tristezas, frustrações e o reencontro consigo, uma outra pessoa, o corpo modificado embora o espírito seja o mesmo. "Nos sentimos uns dez a doze anos menos do que realmente temos", diz um dos filhos do casal tentando encontrar uma forma de ajudar na reconciliação dos pais. Pensei com meus botões, então me sinto como se tivesse 42, 40 anos, no máximo. Pode ser.Olhando no espelho me sinto com 45. Mas como me vejo não é como o mundo me vê. 


Hoje assisti Inquietos. Eu esperava mais. Inquietos quer dizer tanta coisa; pode revelar um inconformismo eterno, uma rebeldia inata, uma irreverência incontestável. Inquietos pode significar esperar sempre o inesperado. E inquietos,no plural, pode significar parceria, cumplicidade. Estar inquieto junto deve ser melhor do que estar inquieto só. 


O filme é delicado, trata de questões como o amor e a morte de forma extremamente delicada. Poderia ser um filme piegas, tipo déjà vu, tipo Doce Novembro, um daqueles filmes que choramos até encharcar a camiseta. Mas não, saímos do cinema descansados, tranquilos, com um sorriso, tal e qual a última cena que vemos, a do mocinho no velório da amada; com um belo sorriso no rosto.


Gostei, mas nenhum deles me faria voltar ao cinema para assistir de novo. Já não posso dizer o mesmo de A Chave de Sarah, extremamente denso, pesado, que nos deixa "ligados" do inicio ao fim. Mais um filme sobre o holocausto, dessa vez na França. Gostei porque sou quase ignorante em história do mundo. Gostei porque gosto da Kristin Scott Thomas. Gostei porque gosto de possibilidades e gosto de descobrir as possibilidades que eu não havia sonhado.                            

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