Tatuagem



Sempre resisti a tatuar imagens em meu corpo. Resisti, não, resistir dá a ideia de uma força contrária à outra; a resistência. Sempre tive convicção do que não queria, nunca pensei em algo que fosse para sempre, irremediavelmente colado à minha pele.

Mas....essa semana minha colega indígena, a Josiléia Daniza tatuou em minha perna um desenho que representa uma das "marcas" que fazem parte da mitologia indígena Kaingang, kamé e kairú. Kamé é sol, Kairué é lua.O sol é força, vigor, energia, impetuosidade,marca comprida. Kairú é redondo, introspectivo, reflexivo, criativo.Sou eu.


A tatuagem com tinta nanquim sairá em alguns dias, não preciso me preocupar com o "para sempre", mas confesso que gostei de ver o desenho cuidadosamente feito por minha amiga. Achei belo. Isso serviu para eu rever meus conceitos a respeito das marcas no corpo. Estou pensando no corpo como um enorme pedaço de pele onde estou escrevendo a minha história. Manchas de queimados, arranhões, pequenas varizes, fios, cabelos, bronzeado ou não, gorduras acumuladas, linhas de expressão, rugas mesmo. E os sentimentos, que também escrevem na pele. Dores, alegrias, tristezas, felicidades.

Todo o meu corpo está tatuado.

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