o medo ou uma composição não tão infantil

o medo embota nosso pensamento e paralisa nossas ações. o medo nos impede de abrir a porta no escuro. nos impede de levantar na madrugada pra fechar a janela que bate com o vento. o medo nos faz transformar a sombra dos galhos secos da árvore, que se projetam na parede de madrugada, em monstros de garras afiadas. o medo nos faz pensar que se colocarmos o pé pra fora da cama uma mão poderosa vai nos puxar pra debaixo dela. o medo nos faz fechar todas as portas e janelas antes de dormir pois o inimigo pode entrar em nossa casa e nos assassinar. o medo nos faz fugir de ratos e aranhas. e baratas. e cobras. o medo nos impede de reclamarmos nossos direitos no bancos, nas lojas, nas ruas. nos impede de gritar. de falar. e de pensar. o medo nos impede de abraçar e beijar a pessoa que nos faz bem. nos impede de tranformar sentimentos em palavras e ações. nos impede de viver. nos impede de ter prazer. o medo nos torna seres medíocres, gado dócil, leões amestrados. o medo nos revela covardes, nos incrusta uma máscara na face e nos impede de tirá-la. o medo nos algema a nós mesmos, nos cobre com finas teias invísiveis. o medo nos tranforma em bonecos de circo, em pobres palhaços patéticos, representando o tempo todo. o medo nos tranforma em péssimos atores, representando a nós mesmos em uma peça teatral muito ruim. o medo nos anula, nos engana, nos esgana e nos impede de ser feliz.

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