Sei que é terça-feira

Sei que é terça-feira, 22 de janeiro. Levantei cedo, tomei banho, café e fui caminhar. Fomos, eu e minha mãe, pela estrada. Ela me acompanhou durante uns vinte minutos e voltou. Eu continuei sozinha.

Ouvindo Tom cantar Vinícius, preciso parar meu relato e te dizer. Ele fala, voz macia, doce e ouço a sua respiração e som de cachoeiras e pássaros. Ouço ao fundo, entre a primeira e a segunda música. A valsa do Adeus, mesmo quando a moça começa a cantar, a gente continua a ouvir a respiração de Tom. E ouço os pássaros aqui neste fim de tarde e é sublime este momento. Ele está aqui.

E tu estás aqui. Acho que estou enlouquecendo. Sará que o louco tem consciência da sua loucura, de seus devaneios, ou o louco é aquele que acredita na sou loucura ou não tem consciência dela?

Antes de fotografar uma imagem com a câmera eu o faço como o olhar. Enquadro, procuro o melhor ângulo, a melhor luz. Ou também faço aquelas fotos em que não penso em nada disso, ou melhor, meus olhos não pensam. Como as fotos que fiz do beija-flor, por exemplo. Simplesmente fiz, porque sabia que seu tempo pousado no fio seria muito efêmero. Quando voltar, vou te mostrar estas fotos.

O resultado do meu desejo sempre presente em capturar as imagens, é que o cartão de memória da minha câmera encheu. Hoje de manhã, lá no meio da estrada de chão, com as vacas e bois posando para mim (vais ver como falo sério), simplesmente apareceu a mensagem Full Card! Eu deveria ter visto, mas não pensei que já tivesse feito tantas fotos. 565! Na hora, apaguei algumas, mas não resolveu muito. Tenho fotos únicas! Da mata, do açúde, dos campos, dos pássaros, do gado, das pessoas. Todas são importantes! Todas as fotos são boas e são lindas. Isso que nem sou convencida! :) Mas, meu olhar de fotógrafa sabe da importância de cada uma. Fui à cidade ontem, deveria ter procurado um lugar para baixar as fotos e salvar em cd. Voltei para casa da caminhada, subi o morro e liguei para uma prima e pedi que visse se existe tal lugar na cidade. Há. Já sei os horários de ônibus. Terei que ir e voltr de ônibus. E vou. Quero ir à Serra do Umbu, aqui perto e não aguentaria ir sem fotografar.

Ontem, quando voltamos, a mãe foi parando sempre que eu pedia e fiz lindas fotos.
Hoje a prima veio com o marido dela. Vão ficar até quinta. Trouxeram algumas coisas. Agora estão jogando pife. A mãe, o tio Ari e a prima. O marido dela foi pescar no açúde com o Dudu e o Eri. E eu estou aqui, ouvindo o Tom e escrevendo pra ti. Aqui, sentada na varanda, sozinha, ao entardecer eu páro, olho a mata, a água calma do açúde e penso em ti. Tom agora canta "eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar................E eu sei que vou viver...a eterna desventura de viver...a espera de viver ao lado teu...por toda a minha vida..."

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